sábado, 19 de novembro de 2016

Acusações





Ergueu-se enorme, vermelha de raiva, uma lua acusadora.
Encheu-se das promessas que incumprimos; inchou na solidão dos encontros a que faltámos.
Sobre esta minha praia e sobre aquela tua baía, ergueu-se, acusadora, a lua que traímos. 
Impõe-se, agora, alta e plena, ao negro profundo que é o espelho vazio do nosso desamor. 
Pendurada num resto de céu, denuncia ao mundo o nosso crime. 
E escurece-nos. 
A lua sempre enche de negro aqueles a quem, por mil e uma noites, iluminou. 


Trazido do fantástico galeão da Cuca, a pirata, que é o melhor sítio para se ver a lua (neste navio)

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