segunda-feira, 26 de setembro de 2016

e encerrar-me todo num poema, não em língua plana mas em língua plena



queria fechar-se inteiro num poema
lavrado em língua ao mesmo tempo plana e plena
poema enfim onde coubessem os dez dedos
desde a roca ao fuso
para lá dentro ficar escrito direito e esquerdo
quero eu dizer: todo
vivo moribundo morto
a sombra dos elementos por cima

Herberto Helder, A Morte sem Mestre